Precursores da descoberta da rota marítima para a Índia
Bartolomeu Dias (navegador que contornou o Cabo das Tormentas/ Cabo da Boa Esperança).
Pero da Covilhã e Afonso Paiva, que foram até à Índia por terra.
Era Vasco da Gama ainda uma criança, tinha cerca de dez anos, e os planos de longo prazo de se conseguir chegar à Índia por mar, estavam muito perto de ser concretizados: Bartolomeu Dias tinha então regressado de dobrar o Cabo dos Tormentos/ da Boa Esperança, depois de explorar o "Rio do Infante" (Great Fish River, na actual África do Sul) e após ter verificado que a costa desconhecida, depois do dito cabo, se estendia para o nordeste.
Em simultâneo foram feitas explorações por terra durante o reinado de D. João II de Portugal, com vista a corroborar a teoria de que a Índia era acessível por mar a partir do Oceano Atlântico. Os portugueses foram finos que nem um alho , como se diz em bom português!
(por curiosidade no final deste texto tens a explicação desta expressão idiomática tão engraçada)
Ora vejámos:
Pero da Covilhã e Afonso de Paiva foram enviados para fazer um roteiro o mais terrestre possível, mas sempre com o mar à vista, até à Índia.
De forma resumida fizeram o seguinte trajeto: Barcelona (Espanha), Nápoles (Itália) e Rodes (Grécia) até Alexandria (Egito), Aden (Iémen), Ormuz (Irão) e finalmente chegaram à Índia, , sempre encostados à costa marítima.
Faltava apenas um navegador comprovar a ligação entre os achados de Bartolomeu Dias e os de Pero da Covilhã e Afonso Paiva, para inaugurar uma rota de comércio potencialmente lucrativa para o Oceano Índico. A tarefa fora inicialmente atribuída por D. João II a Estevão da Gama, pai de Vasco da Gama. Contudo, dada a morte de ambos, em julho de 1497 o comando da expedição foi delegado pelo novo rei D. Manuel I de Portugal a Vasco da Gama, possivelmente tendo em conta o seu desempenho ao proteger os interesses comerciais portugueses, das inúmeras tentativas de conquista por parte dos franceses, ao longo da Costa do Ouro Africana.
"finos que nem um alho"
| explicação da expressão idiomática
No ano de 1352 e Portugal procurava recompor-se da Peste Negra que quatro anos antes havia dizimado entre um terço e metade de toda a população portuguesa (ainda falam do coronavírus e da covid-19!).
Éramos uma nação desesperada a braços com uma das maiores crises de que há memória. El-rei D. Afonso IV – filho de D. Dinis e da rainha Santa Isabel – enviou então o mercador portuense Afonso Martins Alho para negociar um acordo comercial com o monarca inglês Eduardo III. Este primeiro encontro foi infrutífero. Contudo Afonso Martins Alho regressou a Londres no ano seguinte, desta feita como procurador das comunidades de mercadores das cidades portuárias do Porto e de Lisboa e procurador plenipotenciário do rei D. Afonso IV de Portugal. Após intensas negociações, a 20 de outubro de 1353, foi firmado um tratado comercial constituído por oito artigos, válido para 50 anos. Os mercadores portugueses obtinham o comércio livre em todas as cidades e vilas, bem como direitos de pesca nas costas da Inglaterra e da Bretanha.
Foi o primeiro tratado comercial anglo-luso que se revelaria bastante benéfico para os interesses nacionais, ajudando a escoar os excedentes da produção portuguesa, bem como garantindo novas cotas de pesca.
Foi, na verdade, um tratado muito relevante para a economia do reino e o protagonista maior foi este mercador do Porto. Logrou concluir um tratado muito favorável, e por isso, Afonso Martins Alho caiu nas boas graças dos seus conterrâneos que lhe deram fama de negociador astuto, criando a expressão que nós hoje utilizamos «fino que nem um alho» – se bem que seria mais apropriado dizer «fino que nem o Alho».